Imagens de satélite revelam destruição do patrimônio cultural de Alepo, na Síria

Imagens de 2010 e 2014 mostram a destruição do Hospital Nacional Hamidi, na Cidade Antiga de Alepo, na Síria. Imagem: Departamento de Estado dos Estados Unidos

Em pesquisa sobre o estado do patrimônio cultural de Alepo, na Síria, pesquisadores da UNESCO e do Instituto das Nações Unida para Treinamento e Pesquisa (UNITAR) revelaram neste mês (17) que 10% dos prédios históricos da cidade foram completamente destruídos. O estudo é a primeira avaliação abrangente da devastação causada pela guerra e só foi possível por meio de uma tecnologia desenvolvida pela ONU para usar imagens de satélite.

Com a ajuda dos aparelhos que orbitam o planeta Terra, especialistas da ONU analisaram os danos a 518 propriedades, incluindo a Citadela e a Grande Mesquita da cidade. Mais da metade dos prédios avaliados estão com dano considerado de moderado a severo.

O trabalho de investigação teve início imediatamente após o fim do cerco de Alepo, em 2016. Os satélites também permitiriam o monitoramento remoto de regiões que continuam inacessíveis por conta de restrições e problemas de segurança.

A pesquisa mostra que, entre 2014 e 2015, a maioria das construções históricas ao sul da antiga Citadela foi destruída ou severamente afetada, incluindo o complexo de mesquitas de al-Khusrawiyya, a instituição de ensino e cultura Madrasa al-Sultaniyya, a casa de banho Hammam Yalbougha al-Nasiri e o Novo Serail.

A história de Alepo data de mais de 4 mil anos atrás e acompanha a ocupação da cidade por uma sucessão de civilizações (hittite, gregos, romanos e ayyubid), com cada uma delas deixando sua marca na arquitetura e urbanismo. Desde 2013, o local é um dos seis sítios sírios do Patrimônio Mundial da UNESCO acrescentados à lista de Patrimônios Mundiais em Perigo.

Antes de ser mergulhada no conflito entre o governo sírio e forças de oposição, em 2012, Alepo era vista como um dos melhores exemplos de conservação e preservação urbanas, afirmou a diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay, durante o lançamento da pesquisa.

Hoje, a região jaz em ruínas, “com seus marcos centenários e inestimáveis severamente danificados ou destruídos”, completou a dirigente.

De acordo com o estudo da UNESCO e do UNITAR, realizada em estreita colaboração com historiadores, arquitetos e arqueólogos, 10% dos prédios históricos de Alepo foram destruídos.

A eventual restauração de Alepo, com a ajuda da tecnologia concebida pela ONU, é vista pela UNESCO como parte importante do processo de revitalização das comunidades após o fim do conflito. A agência internacional ofereceu assistência aos residentes da cidade para reconstruir o local, a fim de que as gerações futuras também possam apreciar seu patrimônio único.

Fonte: ONU ASCOM